Senador paraibano declarou durante a CPMI do Cachoeira que a sociedade brasileira deseja uma investigação "ampla e geral"
Nesta quarta-feira, foi preciso que Cássio Cunha Lima lembrasse aos parlamentares da CPI Mista do Cachoeira que o objeto daquela Comissão Parlamentar de Inquérito era... o próprio Cachoeira! O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), apresentou a sugestão dele para o roteiro de trabalho da comissão, que vai investigar a relação de empresas e políticos com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, que está preso desde fevereiro.
No calendário elaborado pelo relator, os trabalhos da CPI começam com os depoimentos dos delegados da Polícia Federal envolvidos nas investigações das Operações Vegas e Monte Carlo, que apuraram os negócios do grupo. O plenário, no entanto, demorou a deliberar. Parecia difícil o consenso. As questões de ordem e contraditas levantadas sinalizavam a manobra da base para blindar o governo. Cássio pediu a palavra e disse:
- O Congresso Nacional não pode desrespeitar a inteligência das pessoas e fingir que a CPMI não tem objeto definido. É preciso que esta CPI não faça pouco caso da capacidade de raciocínio dos jornalistas que nos acompanham ou dos cidadãos que nos assistem. Ora, se esta CPI se propõe a investigar as relações de Carlinhos Cachoeira, nada mais óbvio do que chamá-lo a depor. Seria um equívoco inominável que começássemos nossos trabalhos ouvindo os procuradores, que somente forneceriam subsídios em prol do próprio investigado.
Depois de quase três horas de inócuo debate sobre manter ou não manter em sigilo os documentos das Operações Vegas e Monte Carlo, uma vez que o material já está na blogsfera (a um clique do internauta), a CPMI do Cachoeira enredou-se em outra maçante discussão sobre o cronograma de trabalho.
O inquérito sobre a operação Vegas, gravado em nove CDs, foi entregue hoje pelo STF à CPI Mista e guardado num cofre da comissão. O presidente do Supremo, ministro Carlos Ayres Brito, chegou a pedir que os parlamentares tenham cuidado para evitar o vazamento das informações constantes no inquérito. "Determino que o exame das cópias enviadas fique restrito à CPMI, que deverá adotar rígidas providências para que seu conteúdo não seja indevidamente divulgado", disse.
Membro da Comissão e testemunha do longo debate que desafiava o óbvio – o conteúdo já está na internet, para quem quiser ver - , Cássio tuitou: “Na CPMI discussão sobre o sigilo dos documentos enviados pelo STF. Porém quase tudo já vazou. Debate inócuo.” Depois Cássio pediu a palavra e disse que “o Congresso Nacional não pode desrespeitar a inteligência das pessoas”.
RELEMBRE O CASO:
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
O bicheiro é acusado de comandar uma máfia que explorava jogos ilegais em Goiás e no Distrito Federal. Além disso, é suspeito de corrupção, pagamento de propina e de tentar influenciar decisões do Judiciário em seu próprio benefício. Para isso, Cachoeira mantinha uma ampla rede de contatos, da qual faziam parte políticos, empresários e representantes de órgãos públicos.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas aponta para encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI Mista do Cachoeira.
Assessoria do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Com informações do portal Terra - Foto: Jaciara Aires
Com informações do portal Terra - Foto: Jaciara Aires
Fonte: www.cassiocunhalima.com.br
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