segunda-feira, 2 de julho de 2012

Ronaldinho, um fenômeno?


Emoção é um dos componentes mais importantes de uma campanha. O sonho de qualquer marqueteiro político. A massa que produz o melhor discurso. A musa que inspira a melhor candidatura.
 
Artificialmente, alguns atores, um som de fundo dramático e algumas lágrimas forçadas podem sugeri-la. Mas tê-la em sua forma mais genuína é obra da natureza, da circunstância. Não se pode criar ou inventar. No máximo, aproveitar e deixar fluir.
 
Foi o que aconteceu na convenção do PSDB em favor da candidatura de Romero Rodrigues e do que se revestiu à chapa tucana com a homologação do primogênito do poeta Ronaldo Cunha Lima, o empresário Ronaldo Cunha Lima Filho.
 
A emoção é, sem que a legislação eleitoral impeça, a terceira pessoa na chapa de Romero e Ronaldinho.
 
Pelas circunstâncias pessoais, políticas e simbólicas que a indicação do filho do poeta inspira ao processo e a chapa de Romero Rodrigues.
 
Politicamente, o nome do filho do poeta, com natural endosso de Cássio Cunha Lima, une e, como se fosse uma catequese do perdão, dissipa a eventual discórdia ou dissidência interna. Mostra também que Cássio não estará dormindo enquanto houver um campinense vivo sem ouvir a mensagem de Romero pra Campina.  
 
Mas, acima de tudo isso, é na simbologia da presença de Ronaldo Cunha Lima na chapa que a emoção se desnuda. Estreante em candidaturas, nos discursos e nos holofotes da política, Ronaldinho é a extensão cartorial e física do poeta Ronaldo em vida. É, para os simpatizantes dos Cunha Lima, quase uma reencarnação.
 
E reencarnação, meus caros leitores, no momento em que poeta se encontra no último terceto do seu soneto da vida, é mais do que representação familiar, é milagre, é fenômeno.
 
Por isso, o choro incontido nos campinenses que acompanharam a convenção de hoje no PSDB, engolindo, com dose de lágrimas, as falas viscerais de Cássio, Romero e Ronaldo, sobre o qual, em determinados momentos, já não se sabia mais identificar se o filho ou o pai.
 
Aliás, esse é o escudo imunizador de Ronaldinho. Quando se esperava que ele pudesse gerar certa rejeição por ser, dos Cunha Lima, o que mais atividades desenvolveu fora de Campina, houve absolvição. Por uma razão muito simples: seria Ronaldinho recriminado se fosse ruim com o pai e não ausente da cidade. Porque não é necessariamente a Campina que o eleitor Cunha Lima rende homenagens a saudar com emoção a indicação do filho do poeta como vice. Mas ao próprio poeta. Seria recriminado e rejeitado se morasse em Campina e renegasse o pai.
 
Isso é que gerou o poder emotivo da presença de Ronaldinho na chapa de Romero. E que deve fazer uma boa diferença na disputa em Campina. Porque Campina é, dentre tantas no mundo, uma das poucas cidades em que a política encontra razão no coração.
 
Luís Tôrres


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